ESPELHO, ESPELHO MEU...

        Perfeição! Geralmente, quando pensamos nesse tema, imaginamos o conceito de inerrância, ausência de falhas, pecados, um estado de santidade e beleza absoluta. Mas as Escrituras dão um tom um pouco diferente para essa palavra. Ela é associada várias vezes a ideia de inteireza ou maturidade. Em vários textos, ser perfeito significa ser maduro ou íntegro. Veja Filipenses 3:12-16:

“Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos.”

        Se por um lado existe um alvo à frente, um objetivo a ser alcançado, a PERFEITA MATURIDADE - e Paulo admite não tê-la alcançado - por outro lado ele afirma: “Todos nós que alcançamos a maturidade...” Parece contraditório, mas as verdades espirituais geralmente são paradoxais. O que ele está dizendo é que podemos ser perfeitos naquilo que já alcançamos. Em outras palavras, sejamos COERENTES com aquilo que já sabemos ou cremos. Sejamos crianças “adultas” e não adultos “crianças”. Precisamos dar respostas saudáveis a cada fase de nossa vida. Ninguém espera que uma criança já nasça falando. Mas todo mundo espera que uma criança com cinco anos já fale fluentemente. Só que ao invés de dizermos que essa criança é perfeita, geralmente dizemos que ela é saudável. Mas é esse o conceito que Deus quer nos ensinar sobre a perfeição ou maturidade.

        Se compararmos o cego de nascença (do tanque de Siloé) a uma criança, poderíamos dizer que era uma criança perfeita, madura ou saudável. Mas por quê? Exatamente porque ele foi coerente com aquilo que sabia. Sua afirmação mostra isso: “Quem ele (Jesus) era eu não sei. Só sei de uma coisa, eu era cego e agora vejo.” A maturidade é sempre simples. Tem a ver com COERÊNCIA. Andemos de acordo com aquilo que já alcançamos ou sabemos. Uma frase do livro ‘Tempo de Esperas’ (Pe. Fábio de Melo) me chamou a atenção: “A simplicidade só é possível aos que ousaram trilhar os caminhos da maturidade”. Com certeza isso é verdade. Seja coerente com aquilo que você conhece e estará sendo uma pessoa madura para cada fase da sua jornada. Ah como isso nos liberta do cruel peso das comparações! Sim, seja livre desse peso. Ande conforme o que já alcançou e não precisará se preocupar com o que dizem de você. Seja coerente com aquilo que conhece da verdade e não seja um escravo dos julgamentos alheios.

        Eu quero pra mim esse tipo de vida. E você? Mas precisamos entender uma coisa: Só é possível sermos perfeitos ou maduros se amarmos a VERDADE. E isso simplesmente porque andar de acordo com o que já alcançamos também significa reconhecer a cada passo quem nós somos de fato. Não é possível trilharmos os caminhos da maturidade sem olharmos no espelho com os olhos de Deus.

        Pense nisso: Quando você está diante de Deus, o que você diz? “Espelho, espelho meu, há alguém mais belo do que eu?” Ou você diz: “Espelho, espelho meu, mostra-me quem realmente sou e conduza-me à PERFEIÇÃO.”

(Caraguatatuba,SP – 03/05/2013)