VERDADES INCÔMODAS

10/05/2013 13:37

 

            Recentemente, durante minhas manhãs, comecei a meditar no Evangelho de João. Hoje cheguei ao final da passagem que descreve a conversa de Jesus com a mulher samaritana, e depois, na cidade com os samaritanos. Algo me saltou aos olhos! Veja o texto de João 4:

 

"39 Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do seguinte testemunho dado pela mulher: “Ele me disse tudo o que tenho feito”. 40 Assim, quando se aproximaram dele, os samaritanos insistiram em que ficasse com eles, e ele ficou dois dias. 41 E por causa da sua palavra, muitos outros creram.”

 

         A vida dela era bem torta. Precisava ir buscar água ao meio dia porque nesse horário (sol a pique), era maior a probabilidade de não encontrar ninguém no poço... Afinal, era uma rejeitada pela própria sociedade samaritana por causa da sua vida suja.
           Se você encontrasse um estranho que acabou de revelar os pecados “cabeludos” de um amigo seu, você insistiria para ele ficar em sua casa? Será que queremos conviver ou nos aproximar de alguém que tem o poder de ver e revelar as nossas piores mazelas? Parece que o nosso mundo não gosta muito desse tipo de luz. Fugimos de situações que nos deixam vulneráveis ou com a alma despida. Mas aqueles samaritanos, mesmo sabendo do que o estranho era capaz, INSISTIRAM pra que ele ficasse ali com eles. Pelo jeito, apesar de serem “samaritanos”, AMAVAM A VERDADE! Mesmo que essa doesse!
        Isso me lembrou de outro texto, onde Jesus disse: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas.” O interessante é que esse texto está logo no capítulo anterior, quando Jesus conversa com um mestre judeu, ilustre cidadão religioso (João 3:19,20). “Péra” aí! Parece que essas duas passagens estão correlacionadas. Vejamos:

1- Uma mulher – samaritana – pecadora - ao meio dia - amou ouvir a verdade!
2- Um homem – judeu - mestre religioso - na calada da noite... será?

           Sim! É um paralelo! Isso me faz pensar na possibilidade de que religiosos não lidam muito bem com a verdade. E não precisa ser um religioso tradicional (metafísico), pode até ser um ateu convicto, cujo deus é a ciência. Vejo que estes tem a mesma relação “religiosa” com suas crenças e até costumam abolir as verdades morais e éticas para não terem que encarar a “verdade incômoda” de que são pecadores. Mas o que para mim fica evidente, é que pessoas com o espírito de religiosidade não gostam de lidar com verdades, especialmente sobre si mesmas. Evitam ao máximo serem expostas e não são dadas a conversas muito pessoais. Não gostam de falar sobre seu mundo interior de medos e vulnerabilidades e fogem de situações em que os outros possam vê-los como realmente são. Será que isso não descreve com precisão o nosso mundo religioso e o mundo em geral?

      Por outro lado, tanto a mulher samaritana quanto a sua comunidade pecadora ao ouvirem as “verdades incômodas” de Jesus, amaram a LUZ e INSISTIRAM pra continuarem em sua presença.
        Em que grupo de pessoas você se encaixa? Você se considera um pecador carente de graça ou um religioso “abençoado”?

        É fácil saber... Apenas responda a essas duas perguntas:

 

1- Como tenho lidado com as verdades a meu respeito?
2- Como tenho lidado com a realidade?

 

 

(Caraguatatuba-SP – 17/03/2013)